É consenso entre os especialistas da área de educação que, após meses de isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19, os alunos retornarão às escolas diferentes de como saíram. É o que explica Renata Aguilar, em entrevista concedida ao Super Cérebro em dezembro de 2019: “Eles estão muito fragilizados emocionalmente. Temos crianças com quadro depressivo devido às dificuldades que passaram em casa”, conta ela. Renata é professora e neuropsicopedagoga colaboradora do Super Cérebro, autora da coleção de apostilas Socioemocional do Grupo, e explica que as dificuldades enfrentadas pelas crianças vão desde a angústia causada pelo distanciamento dos amigos, até a dor da perda de entes queridos pela Covid-19.
Renata relembra que é no ambiente escolar que as habilidades sociais são desenvolvidas, como independência, altruísmo, liderança, solução de problemas, pensamento crítico e tomada de decisões. Logo, as perdas de interação e socialização dos alunos durante o isolamento social podem ser um fator preocupante.
Em entrevista à Gazeta do Povo, publicada em dezembro de 2019, a diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, Acedriana Vicente Vogel, defendeu ideia semelhante: “É com nossos pares que aprendemos a lidar com as frustrações, a negociar os limites, defender e ceder espaços. Sem isso, é muito complexo entender, por exemplo, que a liberdade tem uma relação direta com a responsabilidade”, conta Acedriana.
Também na mesma entrevista, Hélio Werniski Wolff, professor de educação infantil, ilustrou as dificuldades enfrentadas: “Nas aulas online precisamos contar muito com a ajuda dos pais, que precisaram de mais presença de qualidade com os filhos, mas ainda assim tivemos muitas perdas na aprendizagem”, avalia. Assim como o professor, Renata também percebeu este perfil de família que, além de ajudá-los a se alimentarem e a se vestirem, também passou a fazer as atividades escolares pelos filhos, mascarando um possível deficit no aprendizado.
Visto o inegável papel da família para a organização emocional das crianças, Renata sugere que todos considerem o que aconteceu em 2020 e façam uma transformação das suas emoções, amadurecendo-as. Para Renata, o ano foi muito difícil para as crianças, pais e professores, que também não estavam preparados para enfrentar estes desafios. “Mas se você não estiver com suas emoções equilibradas, suas crianças se fragilizarão ainda mais”, conclui, aproveitando para citar Charles Darwin, em sua Teoria da Evolução: “Não são os mais fortes que sobrevivem, mas sim os que se adaptam às mudanças”.